Janeiro Branco
A exemplo do outubro Rosa, setembro amarelo, novembro azul, temos também a Campanha Janeiro Branco, lindamente desenvolvida pelos psicólogos para trazer em pauta a necessidade de falarmos abertamente, sem preconceitos, sobre emoções, sentimentos, subjetividade e sofrimento humanos. Trazendo como mensagem que quem cuida da mente cuida da vida, busca valorizar a ideia de que nossa mente, nossas vivências, nossa história de vida é riquíssima, única e de tempos em tempos podemos precisar de pausas, espaços para sermos cuidados e ouvidos por um outro e sobretudo por nós mesmos.
O objetivo também é desenvolver a consciência de que preocupar-se e investir na saúde emocional é tão importante quanto cuidar da saúde física, desmistificar a ideia de que apenas pessoas “loucas” procuraram um psicólogo, diminuir o estigma em relação ao sofrimento psíquico. Interessante perceber que o estigma que atinge a mente não atinge o corpo, ou seja, na maioria das situações as pessoas não resistem ou se constrangem em buscar ajuda para um incômodo, dor ou sofrimento físico, enquanto a dor emocional é neglicenciada, velada, e por vezes associada à fracasso e vergonha. Erroneamente foi difundida a ideia de que temos controle sobre nossa mente, em oposição à falta de controle sobre o corpo… assim, propaga-se como se não pudéssemos evitar sintomas e doenças físicas, mas sintomas e doenças mentais sim.
Como é difícil para o ser humano confrontar-se com sua fragilidade, com a ideia de que temos pouco e por vezes nenhum controle sobre algumas coisas; a ilusão de que temos controle é confortável, porém falaciosa. Poder discernir onde nos cabe controle e onde nos cabe aceitação não é tarefa fácil, mas um processo de psicoterapia visa sobretudo nos tornar mais livres, elaborar nossas vivências através do processo de recordar e ressignificar, poder colocar num lugar diferente dentro de nós aquilo que nos angustia. Infelizmente cresce o número de pessoas acometidas por depressão, cometendo suicídio e homicídios por conta de sério adoecimento mental, além de diversos outros quadros igualmente graves, ainda que menos prevalentes.
É hora de acolhermos e cuidarmos do que há de mais precioso no ser humano: seus sentimentos, suas potencialidades, sua individualidade, sua história, sua vida. A psicologia, embora seja uma ciência nova ( a profissão foi regulamentada há aproximadamente 50 anos), se expandiu e criou um enorme leque de atuação:
hoje temos psicólogos atuando em escolas, hospitais, empresas, instituições, clubes esportivos, consultórios e até na publicidade. Onde houver um ser humano em sofrimento ou insatisfeito cabe a atuação do psicólogo….
será que existe algum ser humano absolutamente feliz e satisfeito ao longo de toda sua vida? Obviamente não, todos nós vivenciaremos, em algum momento da vida, uma situação de sofrimento e/ou insatisfação, quiçá marcada por graves sintomas ou adoecimento. Reconhecer que precisamos de ajuda não é sinal de fraqueza, ao contrário, é sinal de saúde, só cuida de si mesmo quem tem recursos internos para isso.
Nós, seres humanos, não somos onipotentes, precisamos do outro para nos auxiliar, quer seja do médico, do dentista ou do psicólogo…. portanto, psicoterapia não é apenas para quem está mal, mas também para quem quer estar ainda melhor!